segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Altos tributos e falta de qualificação freiam indústria de games no Brasil

Tributos de mais e gente capacitada de menos. Esses foram considerados os principais entraves do país na indústria de jogos eletrônicos durante o evento "O Mercado de Games e Aplicativos no Brasil", organizado pela Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) na última sexta-feira (25).
Para Adolfo Melito, presidente do Conselho de Economia Criativa da Fecomercio, a indústria de games no Brasil tem potencial de R$ 3 bilhões, sendo R$ 2 bilhões em exportação. No entanto, a alta carga tributária e a falta de profissionais qualificados não permitem realizar todo o potencial do setor.
Para combater esses entraves, a associação pretende enviar uma proposta para o Ministério da Ciência de Tecnologia, pasta cujo responsável é Aloisio Mercadante, que concorreu na última eleição para Governador de São Paulo pelo PT e perdeu o pleito para Geraldo Alckmin, do PSDB.
O primeiro item do documento tem ênfase em políticas de incentivo à capacitação, cujas propostas vão da criação de centros de referência em universidades até coisas básicas como a melhoria da qualidade de ensino nos níveis fundamental e médio. No segundo, a associação propõe a redução dos principais tributos e uma revisão do sistema de tributação, a fim de fomentar o desenvolvimento da indústria. Com menos destaque, também coloca na pauta o combate à pirataria, criação de linhas de crédito para a atividade e incentivo às incubadoras de empresas inovadoras.

Sufocando a indústria

A alta carga tributária é um obstáculo para as desenvolvedoras de games, pois muitas das ferramentas para a produção de games são importadas e de alto valor (que ficam ainda mais caros com os impostos). Assim, o Brasil deixa de ser competitivo em relação a países que possuem uma política de incentivo à produção de jogos, como acontece no Canadá.
A falta de bons profissionais se faz sentir em produtoras como a Hive Digital, que desenvolve principalmente jogos sociais. "Atualmente, temos 45 funcionários e há capacidade para empregar 60 profissionais, mas falta mão de obra qualificada", afirma o executivo-chefe Mitikazu Koga Lisboa. A companhia chegou ao faturamento de R$ 8 milhões em 2010 apostando num nicho que cresce a olhos vistos.
E a aposta em setores específicos é um dos caminhos apontados por André Forastieri, diretor editorial da Tambor Digital, para o país ganhar destaque no mercado mundial de games. Ele cita como exemplo a Coreia do Sul, que apostou nos MMO (jogos online sem limite de jogadores) e hoje é líder no segmento. Para ele, um dos nichos que não tem "dono" na atualidade são os games educacionais. "É simples, barato e pode ser feito para várias plataformas", enumera as qualidades.

Jogos na mão

O mercado para celulares são outro segmento em ascensão, como aponta Pedro Henrique Franceschi, garoto de 14 anos que ficou famoso com um aplicativo que destrava o iPhone. No Brasil, 40% dos quem tem um celular jogam no aparelho e a produção de um game para celular necessita de menos mão de obra e tem um público muito maior que um título para console, por exemplo.
E, do alto de quem diz ter trabalhado na otimização do cocos2D, uma das muitas bibliotecas de games disponíveis de graça no mercado, dá dicas para quem quer desenvolver jogos: estudar linguagens como C, C++ e Java, saber inglês e Física (os manuais são nessa língua e a ciência é usada nas animações), ler muito sobre elementos e recursos de jogo e praticar (fazendo jogos simples).

Fonte: UOL

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